A tecnologia transgênica, desenvolvida pela Verdeca e trazida ao Brasil pela TMG, confere tolerância à estresses abióticos, como déficit hídrico
Com estimativa de 16,2% de redução na colheita da safra de soja, com relação à safra passada, o Rio Grande do Sul é um dos estados brasileiros que vem sofrendo com a estiagem nas lavouras, que também se reflete na cultura do milho. A situação preocupa os produtores, mas não é algo novo e nem um fato isolado do estado, e sim uma condição comum enfrentada por mais regiões sojícolas do Brasil. Para enfrentar situações como essas, de estresse abiótico, onde períodos de estiagem prejudicam o desenvolvimento das plantas e, consequentemente, a produtividade, os agricultores poderão contar, dentro de alguns anos, com a Tecnologia HB4®.
Desenvolvida pela empresa americana Verdeca, joint venture entre a Arcadia Biosciences e Bioceres Crop Solutions, a Tecnologia HB4® foi aprovada em 2019 pela CTNBio para uso comercial no Brasil. A Tropical Melhoramento e Genética (TMG) foi responsável pela desregulamentação da tecnologia no país e conduz o desenvolvimento da soja HB4®, através de seu Programa de Melhoramento Genético de Soja. Recentemente, os visitantes da 21ª Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque (RS), puderam acompanhar o pré-lançamento da novidade.
O que é a Tecnologia HB4®
A Tecnologia HB4® foi desenvolvida a partir de um gene nativo do girassol, que confere às plantas tolerância ao déficit hídrico e à salinidade. HB4®, por sua vez, é o nome do gene que foi isolado do girassol e transferido, via transformação genética, para a soja, trigo e milho. O girassol é uma cultura que naturalmente tem maior tolerância ao estresse abiótico.
Conforme explica Samira Librelon, pesquisadora da TMG, o gene HB4® confere à planta menor sensibilidade ao etileno. “O etileno é um hormônio sintetizado em resposta ao estresse e mesmo em concentração muito baixa ele pode causar efeitos no amadurecimento dos frutos, florescimento, senescência e abscisão das folhas, flores e frutos. Já a planta com HB4® continua mantendo seu metabolismo biológico e, dessa forma, consegue manter níveis elevados de produtividade em situações moderadas de estresse e não tem o rendimento prejudicado em condições normais”, define.
Resultados
Na safra 2017/18, a Argentina passou pela pior seca dos últimos 70 anos e foi estimada uma quebra de 30% na produção de soja do país vizinho. Lá, a tecnologia HB4® está sendo testada desde 2009 e foram observados muitos resultados positivos, de acordo com a pesquisadora. “Diante dessa condição foi possível observar os efeitos positivos da tecnologia HB4®. Experimentos demostraram incremento de 15% a 30% na produtividade, comparado com soja não HB4®”, destaca.
“Acreditamos que nas condições tropicais do Brasil, onde dependendo da região temos pequenos estresses diários ao longo do verão, associado com altas temperaturas, o ganho em rendimento das cultivares HB4® possivelmente será maior do que o observado na Argentina. Estamos muito satisfeitos com os resultados prévios obtidos nos testes internos em nossos campos experimentais, em breve teremos mais dados para apresentar” esclarece também.
Disponibilidade para o mercado
A expectativa de poder contar com cultivares que tragam essa tecnologia é grande entre os agricultores. Os dirigentes da TMG pontuam que neste momento é necessário aguardar a aprovação da tecnologia na China e na Europa, que são os maiores importadores da soja brasileira, para então ser possível o lançamento de cultivares comerciais no país. “A tecnologia está aprovada na Argentina, nos Estados Unidos, no Paraguai e no Brasil, agora aguardamos essa aprovação na China e na Europa, nossa expectativa é que o lançamento comercial das primeiras cultivares TMG com HB4® ocorra para a safra 2022/23”, colocou o diretor presente da companhia, Francisco José Soares.